A linha entre a vida e a morte

morte

Na vida a gente nasce, cresce, estuda, se forma (ou não), se casa (ou não), se separa (ou não), adoece (ou não) e morre. Ou seja, a vida é uma mudança.

Sobre ter idade e envelhecer, a lição me veio através da minha avó. Ela chegou até 90 anos. Lúcida, ativa, sempre cheia de brincadeiras e adivinhas. Ao ver uma senhora idosa andando na frente dela, ela me disse:

Estás vendo aquela “velha” ali? E pôs-se aos comentários.

Claro, ela não era velha; ela tinha idade. E aí reside uma enorme diferença!

Ficar velha, disse-me uma paciente, é ficar mal humorada, chata, intolerante, exigente, intransigente. E respondeu à minha pergunta sobre quantos anos ela tinha:

A senhora quer saber a minha idade cronológica ou como eu me sinto?

Entendi!

Em julho de 2015 assisti a um vídeo: “A morte é um dia que vale a pena viver”, uma conferência da Dra. Ana Cláudia Quintana Arantes, sobre a terminalidade da vida. Fantástico! Alguns dias depois fomos a um velório de um parente próximo. Aprendi que o dia da morte é um dia glorioso, afinal, batalhamos tanto para esse dia chegar. Abandonamos então o corpo que nos serviu para tantos aprendizados e estamos libertos. Alguns, na consequência de seus atos em vida, dissolvidos de volta à totalidade de onde viemos.

Nesse dia perguntei a mim mesma, por que então as pessoas choram? Muito claramente senti a resposta: elas choram por elas mesmas. Por tudo que fizeram, ou não fizeram, pelas coisas ainda não resolvidas, pelo medo de estar ali sozinhas quando for a sua vez (. . .) e um pouquinho, talvez, por saudade do ente querido.

E ouvi dentro de mim este poema:

 

Minha hora é chegada! Desculpem os que ficam,
mas tenho que ir pois Deus me chama.

Tenho que cumprir outra etapa, adiante,
em outros planos.

A Grande Benevolência tem para mim
outros desígnios, novas chances e perspectivas.

Sigo livre pela eternidade.

 

Tentei ouvir mais, mas foi só isso.