Aprendendo com a AIDS

Em 1992 fui diretora de um hospital de infectologia que atendia, à época, entre outros, pacientes com AIDS. Não havia muitas opções de tratamento e ninguém sabia bem o que era imunidade. Chamava-me muito a atenção a gravidade daquela doença que não respeitava cor, raça, classe social ou nível intelectual. Um grande questionamento surgiu: se o vírus era fácil de exterminar com os desinfetantes “comuns” para outros germes, por que os remédios não atingiam este vírus? Lentamente fui percebendo que as questões pessoais desses pacientes que não respondiam às medicações eram enormes: conflitos de família, com rejeição de pai e de mãe, falta de autoaceitação, culpa, remorso, questões pessoais adiadas durante toda uma vida e agora tendo que resolver agudamente, do dia pra noite, porque estavam no final da vida. Esta era a verdade não dita.

Como se o vírus fosse simples, mas o terreno era ruim; as defesas eram baixas. Ainda hoje não sei bem o que é imunidade, mas já sei que ela transcende o corpo físico; tem a ver com alimentação, exercícios físicos, sono, humor, emoções, pensamentos, e, quem sabe, também com o espiritual. Por isso não há comprimidos para a imunidade. Somos um conjunto de fatores que, equilibrados, nos dão uma “boa imunidade”. Também entendi que todas as doenças afetam todos esses corpos: pode começar no espiritual, no mental, no emocional ou vários, até que apareça no físico como doença instalada, mas se forem previamente detectados, poderão ser corrigidos sem que se torne uma patologia.

Hoje eu digo que a AIDS me ensinou muito; felizmente sem precisar passar pela doença, mas observando-a. Por que esperar chegar a um estado de “total falta de imunidade” com o exame de CD4 muito baixo (4, por exemplo) para só então fazer o aprendizado que a vida impõe? Pode ser tarde demais. Podemos aprender isso antes desse ponto. Cuidar dos conflitos, resolver questões familiares, aprender a perdoar e perdoar-se (quem nunca errou?), ser mais flexível com as próprias fraquezas e limitações. Aprendendo um passo de cada vez. Cuidando-se em todos os sentidos.

Saiba mais como eu aprendi mais sobre a AIDS através do Reiki no meu artigo “Da AIDS para o Reiki”,